A Escola Dominical ainda é necessária?
Em tempo de descartáveis, somos sempre instigados a substituir coisas. Para que serve um pen drive de 4 Gb se você pode ter um de 32 Gb? Para que usar um netbook se a gente pode ter um ipad? Para que uma Bíblia em papel se agora notebooks podem ser usados no púlpito? Talvez ao se deparar com este texto você pense que o autor dessas linhas, no mínimo, não gosta de tecnologia ou desconhece as facilidades promovidas por ela.
Em parte, preciso revelar que não dou conta da velocidade com que os avanços tecnológicos nos arrebatam. No entanto, considero-me uma pessoa que lida bem e usufrui da tecnologia. Então o que quero com essas perguntas iniciais? Apenas salientar que as inovações a que estamos expostos diariamente não perpassam apenas o mundo do trabalho, mas estão por toda a parte e vão deixando seu rastro, forjando novos caminhos, momentos e questionamentos.
Seria nova a pergunta “A Escola Dominical ainda é necessária?”. Acho que não. Acredito que esse questionamento seja tão antigo quanto o surgimento do Fax e do videogame Atari e tenha sido refeito ao longo do tempo.
Diante dessa questão, muitas pessoas, influenciadas pela era da informação virtual, podem acionar seu antivírus e logo respondem taxativamente: “Claro que sim! A Escola Dominical é necessária sim!” Outras, mais ávidos por novidades tecnológicas, acreditam que uma resposta negativa a tal pergunta pode representar o surgimento de alguma inovação, de mais um software. Por isso, respondem: “Ela não é necessária. Está na hora de atualizar, de substituí-la por algo mais moderno”.
Confesso que por muitas vezes me inclui no primeiro grupo. Mas resolvi investir um tempo e pensar nessa pergunta. Os mais afoitos diante dos meus questionamentos me sugeriram pesquisar no Google. Afinal não é esse o dicionário mais repleto da atualidade? Contudo, resolvi acessar outros caminhos e percebi que a tal questionamento cabem as duas respostas: não e sim. Em tempos eleitorais, talvez essa afirmativa possa sugerir uma tendência política que não quer tomar partido, mas não se enganem. Para que não pairem dúvidas, passo a explicar.
Uma Escola Dominical não é mais necessária quando se quer apenas manter o tradicionalismo, preencher um horário, transformá-la num reduto de saudosismo, desconectado com a vida, com a atualidade. Nesse sentido, sou a primeira a afirmar que a Escola Dominical não é mesmo necessária. O melhor é saber que ainda que existam algumas escolas dominicais assim, não é esse o modelo que impera. E as que existem podem e deve se transformar.
Quando penso que a Escola Dominical é fundamental para perpetuar a tradição, fortalecer a identidade, ser um espaço reservado e específico para a educação cristã; quando reconheço que ela é um instrumento para as pessoas questionarem os sistemas de dominação e morte que nos circundam e analisarem a vida à luz dos valores do Reino de Deus, das verdades do Evangelho, concluo que ela é necessária sim!
Em tempos líquidos e fugidios, a Escola Dominical se apresenta como um sólido e permanente espaço de reflexão. Em tempos onde se valoriza o novo e o imediatismo, a Escola Dominical nos possibilita olhar para o passado, refletir sobre as experiências vividas e iluminar o presente, sem se fechar ao novo, ao sopro do Espírito de Deus, que nos anima e aninha.Em tempos onde o individualismo e a solidão proliferam na mesma medida em que as redes sociais são criadas, a Escola Dominical propicia um espaço de convivência, crescimento e fortalecimento de laços para nos ensinar que viver em comunidade é possível sem perder a individualidade.
Para tudo isso é que acredito que a Escola Dominical é necessária sim!
Andreia Fernandes, pastora na Igreja Metodista do Jabaquara / SP - 3a. RE
Coordenadora do Departamento Nacional de Escola Dominical
"QUEM FICA DE JOELHOS DIANTE DE DEUS PERMANECE DE PÉ DIANTE DE QUALQUER CIRCUSTÂNCIA"AMÉM
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